Em abril, a conferência internacional “Jornada Mundial da Juventude. Recursos e desenvolvimento do conceito universal” recebeu dois convidados italianos: Mimmo Muolo e Marcello Bedell. Nós tivemos a oportunidade de conversar com eles a respeito de temas relacionados à nova geração de jovens que participarão da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.
Evangelização, redes sociais e uma nova geração: como combinar esses aspectos juntos?
Nós perguntamos à Mimmo Muolo, um especialista em Vaticano e jornalista da revista Avvenire, autor do livro “Geração JMJ”, que nos ajudou a traçar um perfil mais detalhado da nova geração de jovens que irão participar da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.
Elettra Mauri: Em seu livro “Geração JMJ”, você fala sobre três “gerações macro”, que durante anos participaram da JMJ. Você poderia descrever esta última geração, ou essa que participará da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia em 2016? Na sua opinião, qual o maior desafio da Igreja com essa juventude? O que os jovens mais necessitam?
Mimmo Muolo: No meu ponto de vista, um importante desafio hoje é entender que o mundo digital não é mais uma ferramenta, mas um mundo para evangelizar. Nós até falamos sobre um “sexto continente”, referindo-nos ao mundo digital, a tudo que relaciona-se à internet ou às redes sociais. Além disso, como nos aproximar deste mundo? Como entrar nele, como estar presente nele? Tudo isso são perguntas abertas, nós estamos somente começando a buscar respostas para elas. É por isso que a intuição de João Paulo II, quem mais de trinta anos atrás claramente incentivou os jovens a evangelizar outros jovens, torna-se ainda mais fundamental hoje. Temos que lidar com um vazio geracional, que não tem a ver só com a idade, mas também com os hábitos. Os chamados “cidadãos digitais” pensam e trabalham de uma forma completamente diferente de nós, sendo “imigrantes digitais”. É importante que haja contato entre os pares. O que nós ou os catequistas temos que fazer depende da geração mais jovem. Cumprir as palavras do Papa deveriam ser a tarefa dos jovens entre os jovens. Dessa maneira, podemos recuperar o que perdemos relacionado à “geração digital” ou contato interpessoal, que ainda é essencial. Eu acho que esta é uma característica básica da geração dos jovens que virão para a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.
Elettra Mauri: Na JMJ deste ano, provavelmente ainda mais do que em Madri e no Rio, está em jogo como fazer uso das redes sociais (a JMJ tem perfil na maioria das redes sociais existentes). Tais websites funcionam muito bem como ferramentas de comunicação, mas também nos permitem nos aproximar dos “cidadãos digitais”. Você acha que as redes sociais podem tornar-se uma ferramenta importante de evangelização?
Mimmo Muolo: Eu acho que sim. O fato de que vocês estão presentes na maioria das redes sociais confirma a hipótese que eu levantei no início: tem a ver com a capacidade da Jornada Mundial da Juventude em adaptar-se à mudança dos tempos. A sua estrutura básica permanece, mas as circunstâncias mudam. Este aspecto é muito interessante. Eu acredito que através do uso das redes sociais é possível transmitir o Evangelho. E o que mais: teríamos muitos problemas se não fosse o caso. É importante ser um pouco como os missionários que estabeleceram-se nas Américas, em um continente inexplorado e tentaram fazer contato com a população nativa. Precisamos fazer a mesma coisa neste novo “sexto continente”.
Conhecendo João Paulo II
Marcello Bedeschi, líder da Fundação João Paulo II, trabalha para a juventude, teve a oportunidade de trabalhar pessoalmente com o Papa polonês durante o seu pontificado. Graças a isto, ele pode observar bem de perto sua extraordinária personalidade.
Elettra Mauri: Nos encontramos em Cracóvia, na cidade de João Paulo II. Aqui tudo fala sobre ele, se ouve muito sobre a forte ligação do fundador da Jornada Mundial da Juventude com Cracóvia. No entanto, muitos jovens, entre 16 e 18 anos que irão participar da JMJ, não puderam apreciar o pontificado de João Paulo II e nem conheceram o seu carisma. O que você diria sobre este papa para eles?
Marcello Bedeschi: Eu falaria para eles da mesma forma que os meus professores falaram para mim sobre as grandes personalidades da história da Igreja Católica, como Pier Giorgio Frassati ou Giorgio La Pira. Eu destacaria a sua vida ativa, o seu testemunho, o seu amor pelos jovens. A dificuldade é falar aobre João Paulo II em cada estágio de sua vida: sobre o jovem Karol Wojtyła, estudante, trabalhador, depois sobre o padre, bispo, e finalmente, sobre o papa. Cada estágio deveria ser explicado e recontado, da mesma forma que alguém deveria falar sobre a vida de Cristo. Nós somos cristãos, porque houveram pessoas que testemunharam a tradição cristã para nós, começando com o Evangelho. Além do mais, eu percorreria o mesmo caminho com João Paulo II, explicando às novas gerações quem é esta pessoa, e quanto amor ele tinha pelos jovens no momento em que os jovens não podiam contar com o ardor, a compreensão e o amor do mundo.
Elettra Mauri
Tradução: Patricia Paiva-Perycz
