O compositor Henryk Jan Botor compôs A Missa de João Paulo II para a Jornada Mundial da Juventude Cracóvia 2016. Em uma conversa com Katarzyna Domagała, ele conta sobre esta reflexão musical sobre a fé, sua forma de ver a Deus e ao mundo, sua inspiração e seu trabalho.
A Missa de João Paulo II foi escrita especialmente para a Jornada Mundial da Juventude. Por que João Paulo II?
O Pe. Robert Tyrała sugeriu escrever a Missa em honra à São João Paulo II para, dessa maneira, agradecê-lo por tudo que nos ensinou. Nesta obra, contudo, não existem nenhuma característica ou símbolos que relacionam-se com a pessoa de João Paulo II. Eu queria escrever a peça para um público amplo, para que cada pessoa pudesse apreciá-la.
Que característica musical possui essa composição?
É simples na forma e não é uma missa muito extensa. Assim, é possível cantá-la na Igreja. Composições similares já são encontradas em hinários, como por exemplo, as missas do Pe. Pawlak, do Pe. Dwornik ou do Pe. Piasecki. A Missa de João Paulo II é mais rica e também é escrita para uma orquestra. Será lançada também com o acompanhamento de um órgão, para que os organistas possam tocá-la em suas paróquias. Em termos de composição, ela certamente difere do hino da Jornada Mundial da Juventude, que tem mais a ver com a música popular. Esta obra tem um caráter litúrgico e permanecerá como um modelo de música clássica.
É possível acompanhar a oração com A Missa de João Paulo II?
Sim, com certeza, devido ao seu caráter elevado. Pra mim, a música, antes de tudo, deve expressar a letra. São os textos da Santa Missa que me inspiram a compor música. Eu queria enfatizar o significado e imponência deles, de forma que as pessoas possam apreciá-los com o coração e a mente. Eu acho que será aceita pelos jovens. Apesar das aparências, os jovens não buscam somente entretenimento na música. Eles também desejam algo que os leve à contemplação e à reflexão. Uma dessa obras que não busca unicamente entreter é a composição genial, na minha opinião, de Marco Frisina, “Jesus Christ, You are my life”, canção que tem sido muito ouvida nas Jornadas Mundiais da Juventude.
Que instrumentos serão usados para interpretar A Missa?
Haverá instrumentos de orquestra sinfônica: instrumentos de metal e de sopro, cordas, harpa e percussão. Nesta composição o acompanhamento é fundamental. Ao contrário do que possa parecer, eu realmente gosto de percussão e ritmo. Eu também acredito que todos os instrumentos podem louvar a Deus. Nós ouviremos bateria, tímpanos, sinos. Esses instrumentos enfatizam o elemento sublime da música.
A sua composição Misericordias domini in aeternum cantabo também será ouvida em julho em Cracóvia. Que mensagem contém essa peça no contexto da Jornada Mundial da Juventude?
Cracóvia é, para mim, a capital da misericórdia. Aqui Santa Faustina viveu e morreu. O próprio Cristo disse a ela que a misericórdia deve ser derramada no mundo inteiro. Nós temos a responsabilidade de promover isso em cada forma, comunicar aos jovens algo que agora mesmo é a coisa mais importante sobre a Terra. Deus quer que caminhemos na direção da misericórdia e que nosso coração não fique endurecido. Eu tenho a esperança de poder colaborar nisso através da minha música.
Que mensagem você daria para os jovens que querem participar da JMJ Cracóvia 2016?
Glorifiquem a Deus através da beleza da música e da canção. Descubram a Deus através de Sua criação, através do nascer e do pôr do sol, em tudo que nos rodeia. O mundo inteiro fala a nós sobre a beleza de Deus, sobre como Ele nos ama. A beleza do mundo é uma reflexão da beleza Dele. Cada um de nós é, de alguma maneira, imperfeito. Eu tenho muitos defeitos…
Tradução: Patricia Paiva-Perycz
